terça-feira, 5 de agosto de 2008

Mentiras & Verdades Engolidas Cruas.

Lamento meus porres e conto as sensações de quando fiz minhas tatuagens, unhas e sexo virtual. Ou até mesmo isso, a frustração de olhar um papel em branco, ver minha kingsize vazia, ou meu esforço pra tirar o sangue das minhas calcinhas sujas.
Falo de Tom Jobim, Alaíde Costa, da Alvorada de Cartola e de outros que ficam nas nossas vidas, como as divas e caras do jazz, James Brown, Truffaut, Buk e mais um tanto de coisas meio mortas que a gente tem em comum, até mesmo a dificuldade pra línguas, o alcoolismo, ou algum ser que nós dois comemos e já quase não lembramos mais.
Isso tudo sem muito tato.
Um dos fatos é que me gabo dos trabalhos mega-culturais e alguns filantrópicos e das saudações bakunianas.
E quando levanto da mesa pra ir ao banheiro, no caminho, alguém cutuca meu ombro, do jeito que eu não gosto, e me diz que eu não preciso falar assim, posso parecer chata, mesmo não sendo, e como sou muito branca, muito mesmo, fico com uma marca de dedo roxa e nem respondo; me sinto mal por isso, mas depois, percebo que não ligo pra parecer chata, priorizo minhas descobertas e ansiedades, e passo um gel de arnica.
Penso sim, no quanto posso parecer burra, e travo quando bebo um chop e converso com o neurocirurgião que atende meu filho de graça, e é louco por filosofias, antologias e essas "ogias" tolas e mais um monte de todas as orgias. Aí bebo mais e volto ao cinema, à literatura, e minhas mais recentes paixões; como as mãos de Dino Valls, as galinhas, galos e cores de Totonho Laprovitera, o documentário 1 ano e 1 dia e seu criador, e aí, trepo sem gozo pra quê?
Talvez prefira o cheiro do álcool do que o do seu líquido seminal.
Tento cuspir palavras nos monitores luminosos da madrugada, com raiva, como se precisasse contaminar todos com esse medo do medo e o medo de escrever a palavra delicadeza, porque algum outro escritor babaca tem muita delicadeza, ou de quase nenhuma tem tanta, e ainda me enrolo com o porque, por que e por quê?
Acendo um cigarro e coloco a xícara de café forte e amargo, vícios e clichês, logo pela manhã, contando que isso me dê algum tipo de inspiração e me perco nas palavras, vírgulas e minha cabeça quente parece borbulhar ainda mais com os problemas que não são seus, enquanto espirro sem parar com a poeira que sai da palha do futon e procuro alguma coisa nos classificados.

Vende-se ótima casa em rua bucólica de Itaipu. Boa localização, próxima ao comércio e condução. Segurança 24h. Loft com 3 quartos, 1 suíte, cozinha gourmet, lavanderia e área para piscina e forno à lenha. Anexo duplex com salão, varanda e suíte charmosa independente com vista pra Serra da Tiririca. Quase pronta, tenho o projeto. OPORTUNIDADE - Só 280 mil!!

O fracasso egocêntrico.
Assim eu perco, aí espero, à venda e fodida.
E depois, à noite, sento ali, em qualquer lugar do sofá de três, na frente da única coisa que sobrou, a tv, tentando ter idéias pra escrever, bocejando e sentindo o cheiro da saliva da minha mãe que baba ao lado, na ponta direita do sofá, de sempre.
Descubro que a rede tv e o cabernet suavingnon, última moda da novela das 8h e do povo cult brasileiro dariam um bom texto. Misturar uma coisa com a outra, e mais o tabaco na folha de uva, pode dar bossa, e muita dor de cabeça, já que não tenho dinheiro, e jamais tomarei um cálice de vinho bom ao lado de Antônio Banderas, ou mesmo do conterrâneo perdido na Ilha de Lost.
A verdade é que homem de cabelo grande não me agrada muito - mas citei três -, gosto de pinga, e a preguiça mental é a maior de todas as inspirações nesse momento, quando confesso a você que não entendo bulhufas, ou quase nada, do que diz Nietzsche, e até mesmo do que escrevo.

Pra ser engolida e elogiada.